segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Olodum perde prazo e deixa de receber R$100 mil

A Secretaria de Cultura (Secult) recebeu um número recorde de inscrições para o Programa Ouro Negro, que vai destinar esse ano R$ 4,2 milhões para o desfile de blocos de matriz africana no carnaval de Salvador. Foram 125 inscritos, onze a mais do que no ano passado. O único bloco que não será beneficiado será o Olodum.

Oficialmente, a entidade perdeu o prazo de inscrição e deixará de receber R$ 100 mil. No entanto, segundo o presidente do bloco afro, João Jorge, não houve desleixo da agremiação. João afirma que o grupo estava indeciso com relação à participação no programa porque os valores distribuídos para as entidades maiores, segundo ele, é baixo.

- Há alguns anos o estado dava R$ 150 mil para o Olodum e R$ 115 mil para o Ilê e o Malê. De 2007 para cá, a verba diminuiu. Não temos nada contra o Ouro Negro, mas acreditamos que ele possa ser aperfeiçoado. Por exemplo: as inscrições para o programa da Secult deveriam ocorrer no meio do ano para a verba ser liberada antes de janeiro, quando os preços dos produtos de carnaval são majorados – disse João.

Apesar dos questionamentos, o presidente do Olodum admite que entregou a documentação com atraso de 48 horas e que, apesar da verba representar 7,14% dos R$ 1,4 milhão que serão gastos no Carnaval, a quantia fará falta e terá que ser coberta por outros patrocinadores. João afirma ainda que não foi avisado oficialmente de que a Secult não aceitou a inscrição fora do prazo, mas antecipa que o Olodum não quer nenhum tipo de privilégio.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Deus manda seguir o Alerta Geral

É com "Deus manda" (Deus manda, Deus manda/Na hora que mais se precisa(bis)/A luz pra acender minha alma/a cura da dor num lampejo /Todo perdão que me salva/Olhos pra quando eu não vejo), de Jorge Aragão, Nelson Rufino e Guiga de Ogum, que começo a apresentação do Bloco Carnavalesco Alerta Geral Ltda.

Rufino é também um fundadores do bloco, criado em 18/1 a 18 dias do carnaval de 1993. Compositor consagrado, gravado por Eliana Pittman, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e outros, ele começou a se destacar na Escola de Samba Filhos do Tororó, hoje extinta, em 1965.

O Alerta surgiu com o objetivo de resgatar o samba como gênero musical no carnaval soteropolitano. Foi com o apoio e a apresentação de sambistas notáveis como Dudu Nobre, Arlindo Cruz, Jorge Aragão e grupos como Fundo de Quintal que a agremiação passou a arrastar até 3 mil foliões nas noites de quinta-feira (21 horas), no Campo Grande.

Outra característica da entidade é sair com os 200 componentes da banda mirim do Cortejo Afro, bloco criado em 1998 no terreiro Ilê Axé Oyá, no bairro de Pirajá.

Esse ano já confirmaram presença no Alert a Dudu Nobre, que sai pela décima vez, Mariene de Castro e o grupo baiano Fora da Mídia, divulgador do samba do Recôncavo.

A sede do Alerta Geral fica na Rua Direita da Piedade, 14, no Barris. Telefones de contato (71) 9918-1245. E-mail: alerta_geral@terra.com.br

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Águas sagradas

Além de receberem verbas do programa Carnaval Ouro Negro - entre R$ 15 mil e R$ 100 mil -, os afoxés ganham R$ 10 mil do Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia (Ingá). O patrocínio une a filosofia religiosa dos afoxés, definidos como candomblés de rua, que consideram as águas sagradas, com a principal atividade do instituto, que é cuidar das qualidade da água.

O carnaval do soteropolitano

Pesquisa feita pela Secretaria Estadual de Cultura só com soteropolitanos durante o carnaval de 2009, será divulgada em janeiro. Ela serve para definir/redefinir políticas públicas do setor. Embora tenha deixado de lado os municípios da RMS, ela tem resultados semelhantes ao levantamento feito em 2008. Vamos aos dados:

1- Só 19% dos soteropolitanos brincam ou trabalham na festa (470 mil se divertem e 100 mil trabalham em diversas atividades - garçons, ambulantes, cordeiros, etc.)

2- Dos 81% que ficam fora da folia, 13% viajam e 62% ficam em casa.

3 - Dos que não saem para nada 44% nunca foram para os circuitos, bailes, camarotes e 18% deixaram de cair na folia há mais de 20 anos.

4- Do total de brincantes da capital, 75% optam pelo "carnaval pipoca", ou seja, fora das cordas dos trios elétricos

Conclusão: o carnaval atende a demanda de jovens, que reivindicam novidades e oxigenação da festa

domingo, 20 de dezembro de 2009

Chico Preto saúda o Alvorada

Ao som de Chico Preto* (Nasceu moleque preto, é mané/Na zona do pecado, é negão/Cresceu dentro dos gueto, é mais um/Vivendo de armação, cafetão/Crioulo analfabeto, é ninguém/Foi marginalizado, é ladrão/Mas tem curso completo, é FEBEM/Pela contravenção, bandidão), dou a primeira dica de bloco de samba do carnaval baiano: o Alvorada.

Os blocos de samba tomaram conta do circuito do Campo Grande na quinta-feira e sexta-feira, os dois primeiros dia do carnaval baiano. Eles substituiram as escolas de samba baianas, que eram destaque nas décadas de 60 e 70 e que catapultaram a carreira de sambistas como Nelson Rufino, Walmir Lima, Edil Pacheco, dentre outros. Nos anos 80, as escolas sucumbiram e o samba caiu para a 4ª divisão do carnaval soteropolitano.

Na década de 90, os blocos de samba começaram a ganhar força. Antes, eles desfilavam com 50 componentes, hoje arrastam mais de 2 mil foliões, cada. O crescimento se deve, inicialmente, à importação de sambistas de fora como Dudu Nobre, Beth Carvalho, Arlindo Cruz. Atualmente, há uma discussão sobre a necessidade de valorização de sambistas baianos, mas isso é papo para outra nota.

O primeiro bloco de samba foi criado , em 1º de janeiro de 1975 ,por ex-alunos do Colégio Estadual Severino Vieira, que resolveram mostrar nas ruas o que faziam em eventos na escola. Criaram a agremiação com o pomposo nome de Sociedade Recreativa e Cultural Bloco Alvorada.

O desfile na sexta-feira (12/02/2010), às 23 hora, terá como tema "Maragogipe e suas manifestações culturais" Atrações confirmadas: Marquinhos Sathan (RJ) e artistas locais como Samba de Cozinha, Bambeia, Roberto Mendes, Raimundo Sodré, Gal do Beco e Aloísio Mendes. A programação completa sai na próxima sexta-feira.

Contatos com o Alvorada. Telefones (71) 3322-3684, 3321-3675 e 8858-5996. Site: www.blocoalvorada.org.br.

P.S.
(*) Para quem não sabe, Chico Preto foi composto, em 1984, por João Nogueira e Paulo César Pinheiro. Tem temática muito parecida com Tiro de Misericórdia, de João Bosco e Aldir Blanc, criada sete anos antes.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Processo para criação da Liga dos Blocos Afros

Representantes de pelo menos 60 blocos realizam hoje, a primeira das duas reuniões que definirão a criação da Liga de Blocos Afros de Salvador – a segunda está marcada para o dia 28. O grupo, que concluiu o curso de treinamento em gestão cultural feito em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado (Secult) e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), além da criação da entidade, a partir de modelos de organização como a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, tem quatro outros grandes objetivos.

São eles: a criação de uma central de comunicação , uma espécie de central de carnaval que englobaria a venda de ingressos, fantasias, além de uma rádio web para divulgar os trabalhos comunitários que realizam; a criação de um espaço de ensaios coletivos; o desenvolvimento de um projeto de apresentações em festas populares (Conceição, Iemanjá, Lapinha e Santa Bárbara) e a realização do de um festival anual de música negra, previsto para setembro de 2010.

Paulo Cambuí, representante do Blocão da Liberdade, está entusiasmado com o movimento que pretende organizar os 117 blocos de matriz africana (afoxés, blocos de índio, blocos afro, blocos de samba, blocos de percussão e blocos de reggae), cadastrados no programa Carnaval Ouro Negro, iniciado em 2008 pela Secult:

- Nosso objetivo é trabalhar num sistema de colaboração e não de competição para que possamos ter força, representatividade e mais visibilidade no carnaval de Salvador. Vamos buscar novas formas de financiamento e exigir mais respeito das autoridades municipais, que investe muito pouco no carnaval dos blocos afros.

De acordo com Cambuí, 70 entidades estão envolvidas na primeira fase de criação da Liga, que priorizará as particularidades do carnaval baiano.

- Nosso carnaval tem particularidades e problemas específicos. Não é só criar uma central de comunicação, precisamos de mais mídias, de mais divulgação. Também queremos que haja mais investimento na decoração da cidade. Outra prioridade é o resgate de elementos dos carnavais do passado, como as “mudanças”, que existiam por toda a cidade e hoje só sobrevive a do Garcia. Ajudar na recuperação de blocos como o Magnatas, que está voltando a desfilar na Federação e até fundir associações para fortalecê-las estão em nossos planos. Para fazer tudo isso, precisamos de um modelo de gestão próprio, sem copiar ninguém – explica o líder do Blocão, criado em 1993.

O primeiro encontro do grupo será às 15 horas de hoje, no Sebrae, na Avenida Sete de Setembro. A segunda reunião ocorre dia 28, na Secretaria Estadual de Cultura.

Ouro Negro - O processo que desemboca na tentativa de maior organização dos blocos afros de Salvador começou em 2007/2008, com o programa Ouro Negro, que disponibiliza R$ 4,6 milhões anuais– as verbas distribuídas de acordo com critérios como antiguidade e número de foliões variam de R$ 15 mil a R$ 100 mil por entidade. Pesquisa realizada pela Secretaria Estadual de Cultura revelou que a entidades afros eram as que mais criavam empregos diretos – os trios optam por serviços terceirizados – e as que mais atraiam a atenção dos turistas estrangeiros (35% do total).

No entanto, outros dados mostravam a fragilidade desses grupos: 97% das agremiações eram instituições sem fins lucrativos, dependentes de verbas públicas, e apresentavam problemas organizacionais, tendo dificuldades para prestar contas de suas despesas, o que era frequentemente contestado pelo Ministério Público. Diante disso, além de garantir verbas para os desfiles, a secretaria de Cultura estabeleceu diretrizes para potencializar a capacidade gerencial dos gestores dos blocos. Uma delas foi a parceria feita com o Sebrae:

- Fomos convidados para participar do processo, a partir das dificuldades que alguns grupos tiveram na prestação de contas do carnaval de 2008. Nossa missão era elaborar um programa de capacitação, que destacasse a importância de cooperação entre os blocos e a busca de apoio e novos financiamentos – explica a supervisora de projetos da carteira de economia criativa do Sebrae, Luciana Santana.

Em agosto de 2009, foi montada a primeira turma, com representantes de 60 das agremiações cadastradas no Carnaval Ouro Negro. Consultores cariocas e baianos participaram da organização e de palestras em cinco módulos do curso (planejamento estratégico, elaboração de projetos, formas de financiamento nacionais e internacionais, produção de eventos e prestação de contas) e discutiram modelos associativos de entidades carnavalescas bem sucedidas no Brasil.

- Logo na primeira etapa, eles propuseram a criação de uma Liga e os demais projetos, que têm todas as condições para se concretizarem., explica a consultora Rosa Vilas Boas, responsável pelo treinamento em gestão cultural.

Rosa também mostrou aos participantes como se preparar para obtenção de recursos. Segundo ela, só a Comunidade Européia oferece 1,5 milhão de euros (R$ 3,8 milhões) por três anos para projetos estruturantes de entidades negras e indígenas.

- Tenho certeza que se houver a união em forma de cooperativa, todos os projetos dos blocos afros serão realizados – prevê a consultora.

Secretário - Entusiasmado com o desenvolvimento do programa, o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles espera que o projeto de criação da Liga dos Blocos Afros seja bem sucedida:

- Temos que esperar que o diálogo entre as entidades se concretize. Ajudamos na busca a sustentabilidade apoiamos a criação da Liga, que deve servir de ponto de partida para que os blocos busquem outros investimentos. Assim, poderemos aplicar as verbas do Carnaval Ouro Negro para desenvolver outros blocos de matrizes africanas em outras cidades baianas. Já estamos ampliando o projeto para os que participam da micareta de Feira de Santana e para o carnaval de Maragogipe.

Os planos da Liga e o que é preciso para concretizá-los

A consultora Rosa Vilas Boas, da Cite Consultoria e Treinamento, avalia como muito boa as chances de realização de todos os projetos da futura Liga de Blocos Afros. Veja o que, segundo ela, é necessário para concretizá-los.

Criação da Liga dos Blocos Afros – Um espaço para a sede da entidade, com acesso à internet (a maioria dos blocos hoje trabalha em lan houses), funcionários e material publicitário coletivo. Custo inicial: R$ 30 mil. Custo mensal aproximado com funcionários: R$ 3 mil.

Espaço coletivo para ensaios – Financiamento para compra de uma quadra ou obtenção de terreno através do poder público. Inicialmente, as entidades se candidataram a participar do edital do programa “Tô no Pelô”, que prevê a seleção e o apoio para 16 projetos de ocupação de largos do Pelourinho para apresentações. As verbas variam de R$ 60 mil, por quatro apresentações, a R$ 300 mil, por, pelo menos, 20 apresentações).

Projeto de apresentação em festas populares (Conceição, Lapinha, Santa Bárbara e Iemanjá) – Projeto depende de melhor articulação com o poder municipal para que seja garantido ajuda de custo para transporte e alimentação dos componentes dos grupos.

Criação da Central de Comunicação – Contratação de pessoal para desenvolvimento do portal e rádio comunitária. Necessidade de aprendizagem e utilização das ferramentas tecnológicas. Criação de uma assessoria de comunicação. Custo ainda não foi levantado.

Festival de música negra – Precisa de financiamento. É o projeto mais caro. Está em torno de R$ 110 mil. Prevê a montagem de palco e estrutura, a participação de convidados e os custos com os processos para seleção das músicas.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Jazz, hip hop,música eletrônica e até axé

A secretaria estadual de Cultura estabeleceu dois critérios para definir as 20 atrações do Carnaval Pipoca que sairão nos trios elétricos bancados pelo governo do estado. O primeiro é através de editais, os vencedores sairão em janeiro. O segundo é através de curadoria e está em fase de finalização – os nomes serão divulgados nos próximos dias.

Em ambos, o valor pago por projeto é de R$ 65 mil. Não é permitido nenhum outro patrocinador. As 20 atrações, que contemplam ritmos como o samba, rock, hip hop, jazz e outros, terão que fazer uma apresentação no pré-carnaval do Pelourinho e se revezarão em quatro trios, durante a folia, nos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande.

Antecipamos alguns nomes escolhidos pelos curadores: Luiz Caldas, que ano passado reclamou da falta de reconhecimento. Dois tributos – um para Ramiro Musotto (contará com o Bahia System e Lucas Santana) e outro para Neguinho do Samba. No projeto Axé Anos 80 negocia-se a participação de Moraes Moreira. Outra escolha é o Microtrio sobe no trio, que contará com os músicos da Jam Session do Museu de Arte Moderna da Bahia, Chico César e Vânia Abreu.

Um dos projetos que concorre através de editais é o de expressões do interior que, se for escolhido, trará grupos de Juazeiro e Petrolina.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Liga dos Blocos Afros

Com o apoio do Sebrae, da Secretaria Estadual de Cultura e da Liga das Escolas de Samba do Rio, 60 blocos afros realizam no dia 18 de dezembro, a primeira reunião para a criação de uma Liga de Blocos Afros de Salvador. O grupo, que concluiu o curso de treinamento em gestão cultural tem outras quatro grandes propostas, além da nova associação. São elas:

1) Criação de uma espécie de central de carnaval que englobaria venda de ingressos, venda de produtos das associações (camisas, fantasias, lembranças, uma rádio web comunitária e a fábrica de carnaval)

2) Criação de um espaço de ensaios coletivos

3)Projeto de apresentação em festas populares (Festa da Conceição, Iemanjá, Lapinha e Santa Bárbara)

4) Realização de um festival anual de música negra, previsto para setembro de 2010.
Os projetos foram idealizados pelas entidades participantes, com a orientação de consultores da área cultural

Samba do Recôncavo no Blocão da Liberdade

A sugestão de hoje é o Blocão da Liberdade, presidido por Paulo Cambuí. O grupo foi criado, em 1993, com o nome de Vulcão da Liberdade, título de uma música gravada por Daniela Mercury, madrinha da entidade. A banda do Blocão foi a primeira a mesclar instrumentos de percussão com baixo, teclado e guitarra.

O desfile ocorre no Campo Grande no domingo, segunda e terça-feira, às 21 horas. As atrações desse ano serão grupos de samba do Recôncavo.

Das três atrações, duas estão confirmadas: Quixabeira da Matinha, de Feira de Santana, e Samba de Maragogô, de Maragogipe. A maioria dos cerca de mil componentes são do bairro e recebem fantasias gratuitas. Este ano, uma pequena parcela será colocada à venda por R$50. Saiba um pouco mais dos grupos que animarão o bloco.

O Quixabeira da Matinha dos Pretos foi fundado pelo mestre Marcos Gonçalves Souza, o Coleirinho da Bahia, há mais de 20 anos. Coleirinho nasceu no distrito do Retiro, em Coração de Maria, próximo de Feira de Santana, para onde migrou, na década de 60. No povoado de Matinha formou o grupo com sua família. Coleiro morreu em 2005 e foi substituido pela mulher Chica do Pandeiro e o filho Guda Moreno. O grupo tem CD gravado em estúdio profissional .

Samba de Maragogô é da cidade de Maragogipe, no Recôncavo. A origem do nome tem a ver com a junção das palavras mar e agogô. O grupo surgiu na comunidade de Ponta de Souza, região cercada por manguezais, de onde os integrantes do grupo tiram seu sustento.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Bankoma

Bankoma é uma palavara do dialeto quicongo do povo banto, de Angola, que significa comunidade negra unida em festa. Bankoma também é o nome do melhor bloco afro da atualidade, em Salvador. Ele surgiu nas oficinas de arte e educação (confeçcão de adereços, dança afro, confecção de instrumentos artesaniais de percussão e tecelagem kula, usada para confecção de panos de costas, vestimenta fundamental no candomblé) do terreiro São Jorge Filho da Goméia, em Portão, Lauro de Freitas.

O bloco, que desfila na quinta-feira e sábado, às 22 horas, temobjetivo de dar visibilidade ao trabalho que é feito no terreiro. A agremiação tem relação com outros 350 terreiros de candomblé. Suas fantasias são belíssimas. No ano passado, o bloco desfilou com cerca de 2 mil componentes.

Para quem se interessar por mais informações:o bloco/terreiro fica na rua Queira Deus, 78, Portão Lauro de Freitas. Telefone para contato 71-92264311 e 71-3369-2085.

Apaches II

Os blocos de índio baianos abandonaram os penachos e as roupas típicas. Comanches e apaches só aparecem desenhado nas camisetas ou abadás. No entanto, eles se mantém com a ajuda do governo estadual. Por conta do quesito antiguidade, que ajuda a definir a verba que recebem, os blocos ganham, em média, R$ 60 mil para desfilar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Números reveladores

Apenas 18% da população de Salvador e da Região Metropolitana brincam e/ou trabalham nos circuitos carnavalescos. Ou seja, cerca de 2 milhões de pessoas ficam fora da folia, em casa. É o que mostra pesquisa feita pela Secretaria Estadual de Cultura, em 2008. Quem fica em casa alega ter pouco dinheiro, deficiência de transportes, poucas novidades na festa e engarrafamentos.

Esmiuçando os dados: 14% (424 mil) brincam, 4% (80 mil) trabalham, 15% (467 mil) viajam e 66% (2,001 milhões) ficam em casa.

Índios em extinção

Os blocos de índio surgiram nos anos 60, em Salvador, com uma particularidade: muitos tinham nomes de tribos americanas. Hoje, só três resistem, e mal. São eles: Apaches do Tororó (fundado em 28/10/1968), Commanche do Pelô (26/05/1974) e Universo Verde (17/02/2004), que mistura índio com movimento ecológico. O fundador do bloco é um pajé da tribo kiriri.

Os Apaches desfilam domingo, segunda e terça no circuito Osmar, às 18 horas (contato: 71-81729125). Os bloco Commanches, que já contou com Gilberto Gil, saem nos mesmos dias, mas os horários mudam (domingo- 19h30, segunda - 14h, terça - 19h30) (contato: 71-3326-6418), o Universo sai segunda, no circuito Batatinha (Pelourinho), às 20h (contato 71-3256-2386).

A criação

O blog Varanda do Paulinho tem um filhote, gerado em ventre baiano com DNA carioca. Talvez a distância do Rio tenha me aproximado mais do samba, ainda mais que nos dois primeiros anos em Salvador, o carnaval parecia ser dedicado, exclusivamente, ao axé e aos camarotes.

Ano passado, porém, descobri um alento: havia samba no carnaval baiano, no circuito Batatinha, no Pelourinho. Lá, longe da atenção da maioria dos turistas, recuperei um pouco o carnaval de minha infância, na Presidente Vargas e Rio Branco, onde via bailarinas, piratas, macacos e até
diabos, com tridente e rabo, que me assustavam.

Em 2008, voltei a ser criança, tendo como arma spray de espuma, que substituiu as "bisnagas" de plástico colorido que lançavam água. Fiz guerra com a gurizada e borrifei espuma em bêbados e no pescoço de moças bonitas. No Pelô, vi o carnaval das famílias, máscaras e desfiles de blocos afros - uma Oxum humana, com o rosto coberto, exibindo os seios e com o corpo todo pintado de dourado, reinava em um dos grupos.

Tudo isso de graça.

Saudades

Embalado da mesma forma que eu seguia os blocos de sujo que saiam da Barão de São Félix até a Cinelândia, me reaproximei do samba em terras baianas, a partir de shows de Nelson Rufino, Mariene de Castro, Juliana Ribeiro e Clécia Queiroz. Comecei a ver documentários sobre o Recôncavo e o samba-chula e entendi porque decidi, ainda adolescente, torcer pelo Império Serrano.

Para melhorar, a direção do jornal A TARDE decidiu que esse ano eu, na função de secretário de redação, supervisionaria a cobertura do carnaval - as reuniões semanais começaram há 15 dias e já temos um esboço do projeto. Desde então, tenho entre minhas atribuições fazer um levantamento sobre o que é o carnaval baiano, preparar pautas e planejar a cobertura em conjunto com a coordenadora de Salvador, Marlene Lopes, e os responsáveis pelas demais mídias do grupo.

É com o que for descobrindo que pretendo alimentar esse blog, que começa agora com data de encerramento prevista para a Quarta-feira de cinzas.