domingo, 31 de janeiro de 2010

O que falam sobre Alaor e seu projeto

Jaime Sodré (foto), professor universitário, especialista em História da Cultura Negra e Xicarongoma (sacerdote músico) Ogan (nome genérico para atividades masculina) do Candomblé – “As escolas de samba emprestavam auto-estima para quem desfilava e eram fator importante de mobilização para negros e negras. Elas evocam questões interessantes: a paixão dos torcedores, a qualidade das letras e das melodias e o cuidado na elaboração das indumentárias. A proposta de Alaor precisa ser bem analisada para que não se dê um tiro no pé. Em vez de se recriar os desfiles com várias agremiações, com risco de não ter cobertura da mídia, talvez fosse melhor investir numa única escola para se exibir no Campo Grande”.

Vadinho França, presidente do bloco de samba Alvorada, o mais antigo da Bahia – “Alaor fez o mesmo caminho que Tia Ciata e voltou para lutar pelo samba. Ele é um bom compositor, tem experiência e uma grande virtude: faz tudo com paciência. Seu projeto de revitalizar os desfiles das escolas de samba merece atenção. O carnaval da Bahia tem lugar para todo mundo”.

Mazé, diretora do Centro Cultural Nélson Rufino, professora de artes e cantora – “Ele tem condições de dar o pontapé inicial do processo de recuperação das escolas, que fazem falta no carnaval. É o sonho da vida dele que está dando esperança para os outros”.

João Barroso, ex-presidente da Juventude do Garcia – “Os planos de Alaor não são impossíveis. Reconheço a boa vontade e intenção dele. E como pessoa dedicada ao samba, não posso deixar de estar a favor. A volta das escolas proporcionaria mais diversidade ao carnaval baiano, mas é preciso discutir de que forma isso ocorrerá. Seria mais fácil retornar com as antigas escolas ou criar novas? Qual a estrutura necessária para isso? Como despertar o apoio da iniciativa privada? Outra questão importante: a juventude baiana não tem cultura de escola de samba. Seria necessário implantá-la, quem sabe com a ajuda das secretarias de educação. Por fim, os governos municipal e estadual precisam mostrar interesse efetivo, em vez de só acenar com promessas.

Nelson Rufino, cantor, compositor e presidente do bloco de samba Amor e Paixão – “As escolas fizeram parte de uma época em que transformamos a paixão pelas escolas de samba do Rio em um movimento digno, que revelou grandes compositores e artistas. Acho que para voltarem é preciso catequisar os jovens baianos, que encaram as escolas como uma grande cultura carioca. Acredito que seria mais fácil investir numa única escola, a superseleção do samba , com alas formadas por remanescentes das antigas agremiações. Também investiria nos concursos de samba-enredo, que poderiam culminar na fusão de dois ou três composições num único samba-enredo a ser apresentado na avenida. Desse movimento, eu participaria”

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