domingo, 13 de dezembro de 2009

A criação

O blog Varanda do Paulinho tem um filhote, gerado em ventre baiano com DNA carioca. Talvez a distância do Rio tenha me aproximado mais do samba, ainda mais que nos dois primeiros anos em Salvador, o carnaval parecia ser dedicado, exclusivamente, ao axé e aos camarotes.

Ano passado, porém, descobri um alento: havia samba no carnaval baiano, no circuito Batatinha, no Pelourinho. Lá, longe da atenção da maioria dos turistas, recuperei um pouco o carnaval de minha infância, na Presidente Vargas e Rio Branco, onde via bailarinas, piratas, macacos e até
diabos, com tridente e rabo, que me assustavam.

Em 2008, voltei a ser criança, tendo como arma spray de espuma, que substituiu as "bisnagas" de plástico colorido que lançavam água. Fiz guerra com a gurizada e borrifei espuma em bêbados e no pescoço de moças bonitas. No Pelô, vi o carnaval das famílias, máscaras e desfiles de blocos afros - uma Oxum humana, com o rosto coberto, exibindo os seios e com o corpo todo pintado de dourado, reinava em um dos grupos.

Tudo isso de graça.

Saudades

Embalado da mesma forma que eu seguia os blocos de sujo que saiam da Barão de São Félix até a Cinelândia, me reaproximei do samba em terras baianas, a partir de shows de Nelson Rufino, Mariene de Castro, Juliana Ribeiro e Clécia Queiroz. Comecei a ver documentários sobre o Recôncavo e o samba-chula e entendi porque decidi, ainda adolescente, torcer pelo Império Serrano.

Para melhorar, a direção do jornal A TARDE decidiu que esse ano eu, na função de secretário de redação, supervisionaria a cobertura do carnaval - as reuniões semanais começaram há 15 dias e já temos um esboço do projeto. Desde então, tenho entre minhas atribuições fazer um levantamento sobre o que é o carnaval baiano, preparar pautas e planejar a cobertura em conjunto com a coordenadora de Salvador, Marlene Lopes, e os responsáveis pelas demais mídias do grupo.

É com o que for descobrindo que pretendo alimentar esse blog, que começa agora com data de encerramento prevista para a Quarta-feira de cinzas.

Um comentário:

  1. Muito boa, a ideia do blog!

    De fato, o carnaval da Bahia precisa de mecanismos que divulguem aquilo que não é divulgado e que mostrem uma outra perspectiva desta festa, cuja propaganda alardeia (quase que tão somente) o beijo na boca e as grandes estrelas desta axé music, que este espaço pretende transpor. E em tempos de todo-mundo-escreve-em-blog, é bastante positivo que se tenha alguém preocupado com a construção de um espaço informativo como este aqui.

    Sim, o carnaval da Bahia tem samba, tem afoxés e tem mais do que a música baiana que explode nos grandes veículos de comunicação do Brasil afora – majoritariamente, sim, de qualidade duvidosa. Só há que se ter mais cuidado ao tratar desta axé music, sob pena de se cometer uma injustiça com a história do nosso carnaval: primeiro porque há, ainda, a boa axé music, com artistas comprometidos e preocupados com a qualidade da festa e que também tocam de graça para a pipoca; e, depois, para não se esquecer de que o carnaval da Bahia ganhou a visibilidade de que hoje desfruta e que a fez a maior festa de rua do planeta, exatamente com a comercialização deste ritmo que, a despeito de se encontrar em crise hoje, começou de uma forma bastante bonita, balançando ao som dos tambores do samba reggae e da guitarra baiana.

    Axé!

    Arthur Daltro.

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